Em um país como o Brasil, que ainda caminha em direção ao desenvolvimento, as Instituições que atuam na formação de aprendizes representam um papel de extrema relevância na formação pessoal e profissional de adolescentes e jovens pertencentes, na sua grande maioria, ao grande contingente de brasileiros com histórias de vidas muito difíceis: em situação de vulnerabilidade social, de pobreza e de pobreza extrema.
A aprendizagem profissional é hoje o programa social de caráter preventivo que mais se adequou à realidade do Brasil, atuando em ações onde o Estado muitas vezes não consegue alcançar de forma tão ampla, podemos dizer que as instituições realizam ações no tempo presente, pensando no futuro.
Ressaltamos como importante aliado da formação de aprendizes, o acompanhamento multidisciplinar realizado com os adolescentes, jovens e suas famílias, juntamente com o acompanhamento escolar, para que todos esses instrumentos de amparo, da área da educação e da área social, caminhem juntos fortalecendo o indivíduo para que consiga enfrentar os desafios da vida e do mundo do trabalho.
Por esses motivos, neste momento de pandemia as Instituições que atuam na área social necessitam, mais do que nunca, de todo apoio possível.
O que já é uma tragédia, poderá aumentar ainda mais com o desamparo desses adolescentes e jovens, em situação de vulnerabilidade, que certamente não terão outra opção, senão abandonar a escola, enfrentar o mundo do trabalho sem preparo e sem igualdade de oportunidades, reproduzindo assim o ciclo de pobreza, de desigualdade e de discriminação que não podemos mais admitir.
Não podemos perder toda uma geração que se encontra em idade de se tornar um aprendiz, quando vemos muitos enveredando para situações que poderão ser de difícil resolução, de alta complexidade e que necessitam de investimentos extremamente mais elevados, quando a ação se torna o caso de remediar e não de prevenir.
Como exemplo, citamos o valor de investimento de um aprendiz, como média mensal de R$ 1.700,00 para a empresa contratante – sendo que um adolescente em conflito com a lei em situação de privação de liberdade, custa para o Estado, em média R$ 13.000,00/mês.
Alertamos para tal cenário devastador, sob o ponto de vista de garantia e de defesa dos Direitos Humanos, onde o prognóstico não se mostra nada favorável, caso o apoio às Instituições formadoras não seja concretizado. A ação emergencial desse apoio precisa e deve ser urgente.
Porém, se formos ágeis, ainda temos tempo e condições de mudarmos essa situação.
Domingos Murta
Presidente do CIEE/PR